Cálculo coraliforme por definição é o tipo de cálculo renal que acomete a pelve renal e pelo menos dois dos cálices renais. Em termos mais objetivos, são pedras nos rins que assumem grandes dimensões e devem sempre ser tratadas. O tratamento é sempre possível, embora nem sempre simples.
A história natural (desfecho caso não sejam tratados) destes cálculos é bastante conhecida, o que facilita as orientações terapêuticas. Estudos históricos que avaliaram pacientes tratados conservadoramente, seja por elevado risco cirúrgico ou por recusa ao tratamento, demonstraram informações alarmantes. O cálculo coraliforme não tratado associa-se a uma mortalidade de 28-30% em 10 anos. Dos pacientes que sobrevivem a esta enfermidade, 21% desenvolvem cálculos coraliformes no outro rim devido à infecção crônica característica destes cálculos; 36% passam a apresentar algum grau de insuficiência renal; e 27% necessitam de intervenções ou tratamentos por infecções urinárias graves ou sepse (infecção generalizada).
Os estudos que avaliam indivíduos tratados, demonstram índices de recorrência históricos de 35-69% após nefrolitotomia anatrófica (cirurgia pouco realizada nos dias de hoje) e de 21-56% após pielolitotomia (também pouco realizada atualmente). O acesso renal percutâneo, cirurgia indicada atualmente para a maioria dos casos, permitiu redução ainda maior da morbidade do tratamento. A cirurgia percutânea é realizada através de uma punção de cerca de 1 cm, colocando-se uma câmera diretamente no rim e utilizando-se ondas de ultrassom para quebrar e extrair os cálculos. A recuperação tende a ser mais rápida e o sucesso da cirurgia maior.
Atualmente são muito claras as diretrizes de tratamento para os cálculos coraliformes: tratá-los sempre, exceto em situações especiais. E o tratamento deve ser preferencialmente realizado por médicos experientes neste tipo de situação.